domingo, 8 de novembro de 2009

"O LIXO E A FÚRIA" (SINOPSE)

Sex Pistolos_"O lixo e a fúria".

Como temos noticiado por aqui, desde semana passada, o Festival Proclama Rock terá a duração de 12 horas, com shows, dj’s e documentário. Este último, será exibido das 18 as 20:00h, com direção da produtora de Áudio-visual “Terra do Sol”. O documentário-filme escolhido, como está dentro da programação de um Festival de Rock, não poderia ser outro: “O Lixo e a fúria”. Abaixo, portanto, a sinopse:

O "punk de verdade" pode ser norte-americano, mas se hoje eu posso me preocupar em escrever sobre o que é "de verdade" e não sobre o que é "punk", isso se deve aos ingleses.

Basicamente, esse é o resultado da confusão arrumada pelos Sex Pistols e pelo seu empresário Malcolm McLaren, por volta de 1976. Logo após o fim da banda, McLaren chamou Julien Temple para mostrar a sua versão da história, o que foi feito no filme A Grande Trapaça do Rock'n Roll. Cerca de 20 anos depois, são os próprios Sex Pistols que se utilizam (ou são utilizados?) de Julien para reescrever a própria história.

Tudo estaria bem se os envolvidos no rolo acima não estivessem entre os maiores escroques e trambiqueiros da história da música. Digo isso com o maior carinho possível, é lógico, mas a verdade é que ambos os "documentários" devem ser vistos com os dois pés atrás, pois simplesmente não há como saber quem diz a verdade e o que é lenda.

Teoricamente, a intenção de O Lixo e a Fúria seria essa: colocar os pingos nos "is" de uma história mal contada. Para isso, Julien juntou ao farto material da época que ele possui (ele foi um grande fã da banda e a seguia por todos os lados, filmando tudo, inclusive situações que iriam dar origem a fotos famosas), imagens de arquivo da TV inglesa e os depoimentos dos próprios integrantes dos Sex Pistols. O resultado é um grande material histórico, pois ele conseguiu ilustrar de forma impressionante toda a história e ... só, pois infelizmente os "injustiçados" Pistols não têm muito o que dizer de original. Basicamente eles confirmam as principais lendas a respeito do grupo (conseguindo, aliás, tirar o brilho de algumas) e, em relação às poucas que eles tentam desmentir, não convencem.

Do baú de Julien, principalmente nos shows ao vivo, é que se vê a força que o som dos Sex Pistols tinha e ainda tem, fazendo todo o sentido do mundo ainda hoje. Os arquivos da TV inglesa dão uma idéia do que era a Inglaterra da época, pois apesar do filme forçar a mão para dar uma conotação mais política à banda, é fácil perceber, pelos seus inimigos, como ela foi revolucionária e necessária. Já a famossísima entrevista ao vivo em que foi dito pela primeira vez a palavra "fuck" na TV, decepciona (bem como o show-penetra do jubileu da rainha), exceto pela oportunidade de ver a futura Suzie Sioux em ação.

Nos depoimentos dados, os Pistols sempre aparecem contra a luz, de forma que não se pode ver as suas fisionomias. Provavelmente, a intenção foi evitar a evidência de que todos eles estão velhos e gordos, mas acabou demonstrando simbolicamente a verdade: essa é uma banda que não tem rosto. Ou melhor, já se dividiu em duas (a do próprio McLaren e a do vocalista Johhny Rotten) e hoje, quando tem, tem uma: a de Rotten.

Essa, na realidade, é a maior atração do "documentário": a de se traçar um perfil de todos que construíram a lenda e puderam se manifestar. E você percebe que não é à toa que o resto da banda (os que ainda vivem) sempre ficou à sombra de Rotten e McLaren e praticamente sumiu depois que foram dispensados.

Steve Jones mostra que nunca entendeu porra nenhuma do que aconteceu (e dá a impressão de não ter entendido até hoje), diz que sempre só quis encher a cara e comer umas minas, e comove ao mostrar o idiota que é, dizendo que o seu maior legado como guitarrista de umas das bandas mais influentes de todos os tempos foi a moda de amarrar um lenço na cabeça. O baterista Paul Cook já mostra ter uma maior noção das coisas, só não se importa muito com isso. E Glen Matlock mostra não ter mágoa nenhuma em ter sido substituído por Sid Vicious no baixo, talvez sabendo que isso era necessário para a lenda e que ganhou mais assim. Para entender Sid, basta o momento em que ele diz que não quer ser um drogado pelo resto da vida. Nancy Spungen, a sua namorada, é tratada como uma sub-Courtney Love, que, por sua vez, é uma espécie de sub-Yoko Onno. Por último, a verdadeira estrela do show: Johhny Rotten. Não tem jeito, quando ele começa a falar daquele jeito esquisito e com aquele sotaque "cokney", você tem que prestar atenção. Seja com frases de efeito ("não podíamos dar certo, mas demos", "cada um do seu jeito, todos nós éramos uns putos ... até mesmo o babaca do Glen", "McLaren não nos fez. ninguém me faz. eu sou eu.", "Sid era uma vítima da moda", etc) ou quando chora de forma canastrona por não ter conseguido evitar a morte do amigo Sid, ele brilha.

Aliás, ele resume tudo quando encerra um show nos EUA (em que só de sacanagem a banda tocou somente uma música) perguntando à platéia: "alguma vez vocês já tiveram a sensação de terem sido enganados?". Sentado em uma sala lotada de "intelectuais", no Espaço Unibanco, eu não pude deixar de pensar "já, cara: agora."

FONTE: SITE CORNFLAKE PROMISES

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